Objetos
controversos como o Mapa de Piri Reis e o helicóptero de Abydos fazem
de “Uma Ponte para Istambul” uma enciclopédia histórica em meio a um
romance sobre a busca da identidade

Em
1929, um fragmento do mapa mundi foi encontrado em uma prateleira
empoeirada do palácio Topkapi, em Istambul. Confeccionado em 1513, sobre
couro de gazela, o objeto suscitou muitas questões. Por exemplo, a Ilha
de Marajó que aparece em destaque só seria descrita oficialmente pelos
portugueses em 1530. Como, então, um almirante turco poderia saber
tantos detalhes da costa brasileira quase duas décadas antes?

O Mapa de Piri Reis é um dos enigmas do mundo real transplantados para a ficção Uma Ponte para Istambul. O romance da escritora Maria Filomena Bouissou Lepecki tem
o enredo entrelaçado a este e outros quatro objetos arqueológicos: o
helicóptero de Abydos, do Egito; o aeroplano de Saqara, que se encontra
no Museu do Cairo; as baterias de Bagdá; e a moeda fenícia  com um
possível mapa mundi microscópico disfarçado de grama sob as patas do
cavalo.

Estes Ooparst – Out of place
(and time) artifacts – ajudam a contar a trajetória de Catarina, ou
Arzu, uma jovem professora de História do Brasil que viaja para Istambul
à procura das próprias origens. Ao confrontar sua metade turca em um
palácio Otomano do século XIX, ela experimenta uma aventura insólita que
a transporta no tempo.

A cozinha do palácio me pareceu muito
estranha. Contei oito mesas. Nas seis mais próximas, cortavam peixes e
descascavam vegetais. Nas duas últimas, misturavam leite, frutas secas e
especiarias. Grandes baldes de água eram constantemente esvaziados e
repostos em uma espécie de pia de pedra na parede do fundo, onde uma
grande quantidade de copos e bandejas redondas de metal dourado estavam
sendo lavados. Não vi eletrodomésticos, apenas fumaça saindo de grandes
caldeirões e paredes enegrecidas pelo fogo. Mais para o canto, havia uma
pilha alta de lenha cortada, que chegava quase até o teto. Alguma coisa
estava errada. (
Uma Ponte para Istambul, p. 13)

Concomitante à experiência de conhecer a
vida no harém dos sultões, a protagonista intercala relatos que
transportam o leitor para o Brasil, mais especificamente a Praia de
Ipanema, no Rio de Janeiro. Objetos e cheiros ativam as memórias de Arzu
sobre a zona sul da cidade, onde a professora lecionava para
adolescentes em um colégio particular, a duas quadras do mar.

Não por coincidência, Ipanema foi um dos endereços da escritora Maria Filomena Bouissou Lepecki. Nascida
em Cuiabá, morou ainda em Brasília, Recife e Vinhedo, no interior
paulista. Foi nesta cidade que escreveu sua primeira ficção, “Cunhataí –
um romance da Guerra do Paraguai”, obra vencedora de três prêmios e que
rendeu outras três teses acadêmicas.

A autora revelação 2003 pela FNLIJ – Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil  – viveu também na Malásia e África do Sul. Por lá e no Oriente, realizou pesquisas in loco já
em busca de uma perspectiva literária. Foi assim que aprendeu noções de
zulu, bahasa malaio, alemão e francês, além de falar  inglês e
espanhol. Médica por formação, abraçou oficialmente a carreira
literária.

Ficha técnica

Título: Uma Ponte para Istambul
Autora: Maria Filomena Bouissou Lepecki
ISBN: 978-65-5899-175-5
Páginas: 208
Formato: 16x23cm
Preço: R$ 19,00
Link de venda: Amazon

Sinopse: Arzu
é uma jovem professora de História do Brasil, que viaja para Istambul à
procura de suas origens. Ao confrontar sua metade turca em um palácio
Otomano do século XIX, experimenta uma aventura insólita que a
transporta no tempo. Uma adaptação difícil e a sobrevivência exigem toda
a sua atenção, porém são os mistérios arqueológicos e os objetos
impossíveis descobertos que a instigam, levando a uma conclusão
inesperada: a busca individual por raízes deveria ser a indagação
coletiva de toda a humanidade. Uma ponte para Istambul é também uma
ponte entre o Ocidente e o Oriente, passado e presente, verdade e
imaginação.

Redes sociais da autora: Instagram

Créditos das fotos: Maria Filomena Lepecki

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