Gosto das teorias do filósofo sul-coreano Byung-Chul Han. Ele lançou sua obra-prima – a mais conhecida – Sociedade do cansaço, dando início a uma série de livros sobre a sociedade atual. Bem, em Sociedade do cansaço e em outros escritos, Han destaca o quão adoecida está nossa presente era, uma sociedade que prima pela maximização do desempenho, competição incrivelmente acirrada e, é claro, desigualdades sociais extremas, com reflexos em desequilíbrios de saúde mental e física.
Basicamente, o que entendo das teorias de Han é a hiperatividade (gerada, em especial, pelas telas e redes sociais), o narcisimo (idem, aliado a uma geração “acomodada” e desinformada, apesar de ter, quase sempre, fácil acesso a informações), pretensiosa e, finalmente, esgotada.
Não estou deixando de me incluir neste panorama. Somos produtos do nosso meio, em maior ou menor grau.
Penso que a situação é preocupante, na prática: crescem, principalmente no Brasil – mais que em outros países, como os de Primeiro Mundo – os casos de TDAH (hiperatividade), ansiedade, depressão, suicídios, burnout (excesso de trabalho, o que pode culminar com uma incapacitação irreversível).
Temos, sim, uma geração mais consciente de Direitos Humanos, mais saudável (fitness), mais “livre”, porém, a meu ver, como mencionei, mais adoecida do que nunca. Moral, valores, instituições que antes proporcionavam um mínimo de segurança aos indivíduos, estão derretendo. Embora muitas delas tenham sido e ainda sejam coercitivas, como explicita o filósofo alemão Theodor W. Adorno. Nossa noção de identidade pessoal está cada vez mais relativizada, à deriva, suscetível, a despeito do fato de, ainda bem, estarmos em constante mudança como seres humanos, nem sempre pra melhor, infelizmente.
E qual seria a solução, ou as soluções, para nossa geração brasileira e global, esgotada e “cambaleante”?
Agora, a moda é Inteligência Artificial. Subimos um “nível” na Era Digital. IA, porém, é uma faca de dois gumes, como qualquer tecnologia: depende de onde e como vai ser usada, e por quem. São trilhões de informações e muitas possibilidades, esboçando um futuro cada vez mais incerto e angustiante. Ao mesmo tempo, pode e vem sendo utilizada para minimizar o esgotamento físico e mental das pessoas, facilitando o trabalho (e substituindo funcionários, inevitavelmente) e tarefas do dia a dia, além de contribuições importantes nas áreas de Saúde e Educação, por exemplo. Isso abarca saúde mental.
Uma geração adoecida e adoecedora. “Salva” por memes (nossa especialidade). Consultórios de psicólogos e psiquiatras lotados, e mesmo de outras especialidades – mente não sã é corpo não são. Difícil quem não precise tomar remédio “para a cabeça”.
Sempre houve o “mal-estar da civilização”. Não é que eu queira ser apocalíptica ou dramática. Apenas tento engendar uma reflexão sobre os processos pelos quais estamos passsando, como sociedade brasileira e global.
Não é possível ver nitidamente, estando dentro do olho do furacão como estamos, mas é possível observar, pensar, mudar, começando por si mesmo, aquilo que se vê ou se busca enxergar.
Sei que, me parece, sobram barulhos, aparências e exigências nesta geração, e faltam empatia, disciplina mental – mais que física – e humildade. E, é claro, coerência.
Elenir Alves é formada em Publicidade e Marketing. Editora-chefe da Revista Projeto AutoEstima e Assessora de Imprensa da Revista Conexão Literatura. Foi coeditora, juntamente de Ademir Pascale, do extinto fanzine TerrorZine – Minicontos de Terror. Foi coautora de diversos livros, entre eles “Draculea – o Livro Secreto dos Vampiros”, “Metamorfose – A Fúria dos Lobisomens” e “Zumbis – Quem disse que eles estão mortos?”, nas horas vagas adora escrever poemas e frases inspiradoras.
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