Crédito: Fundação Dorina – Descrição de imagem: Foto da colaboradora Regina de Oliveira, de pele clara, cabelos escuros e curtos, com óculos escuros. Ela veste uma blusa azul e segura uma bengala branca. Ao fundo está a gráfica

Sentada confortavelmente numa poltrona, leio um livro que ganhei de presente de aniversário!

Minhas mãos planam pelas páginas que, para os que enxergam, parecem estar em branco.

Numa fração de segundos, pontos se convertem em símbolos, símbolos se conectam formando palavras, palavras se juntam formando frases, estas se unem e, por meio dos meus terminais nervosos, chegam à minha mente, ao meu coração e ao meu espírito, inundando-os de uma emoção intraduzível.

Nasci com aquela que, para muitos, é considerada a mais cruel de todas as deficiências. Talvez assim seja, uma vez que, segundo dizem, mais de 80% de tudo o que está fisicamente no mundo só pode ser captado pela visão.

Felizmente, aquela menininha de 8 anos de idade, cujo maior sonho era aprender a ler e escrever, ainda não tinha recebido esta informação. Então, quando um anjo chamado Elza lhe apresentou uma reglete e um punção e, pouco tempo depois,lhe entregou um cartãozinho com algumas palavras que ela leu quase  chorando de emoção, soube que chegaria aonde quisesse chegar!

Os livros didáticos me traziam palavras e ideias novas, mostravam mapas de lugares distantes que eu não veria, mas cuja forma e localização registraria, me davam autonomia para resolver cálculos, contavam fatos que me ajudavam a entender o mundo… E mais: descreviam animais, vegetais e minerais, reproduziam monumentos e obras de arte e, assim, fui crescendo, recebendo pelo tato o conhecimento que meus colegas recebiam pela visão.

E porque adorava ler, visitei sozinha castelos e florestas encantadas, conheci princesas, fadas e duendes, escondi-me na ilha de Robinson Crusoé, brinquei com o Pequeno Príncipe, passei férias maravilhosas no Sitio do Picapau Amarelo…

Já adulta, a leitura me guiou pela Europa de Shakespeare, pelo Rio de Janeiro de Machado de Assis, pelo Rio Grande do Sul de Veríssimo, pela África de Mia Couto e por mil outros lugares que nunca vi, mas que explorei com mãos ágeis, curiosas e emocionadas…

E por tudo isso, minha escolha profissional não poderia ter sido outra a não ser aquela que me permitisse continuar conhecendo o mundo, tecendo a vida e levando a crianças e jovens cegos a oportunidade de transformar mais de 80% de desvantagens em uma porcentagem incalculável de superações, descobertas e conhecimentos.

Hoje, as novas tecnologias me proporcionam momentos de cultura, lazer, interatividade, informação e muito mais! Todavia, estou convicta de que só me foi possível transpor os portais desta nova era graças à Luz de Louis!

E é com este singelo texto que homenageio os 200 anos do Sistema Braille, na esperança de que ele continue chegando às mãos de todos aqueles que dele precisam para que possam, como eu, viver com independência, autonomia e dignidade e ser protagonistas de suas próprias histórias!

São Paulo, 04 de janeiro de 2025!!!

Regina F. C. de Oliveira


Sobre a Fundação Dorina Nowill para Cegos

A Fundação Dorina Nowill para Cegos é uma organização sem fins lucrativos e de caráter filantrópico. Há 78 anos se dedica à inclusão social de crianças, jovens, adultos e idosos cegos e com baixa visão. A instituição oferece serviços gratuitos e especializados de habilitação e reabilitação, dentre eles orientação e mobilidade e clínica de visão subnormal, além de programas de inclusão educacional e profissional. 

Responsável por um dos maiores parques gráficos braille em capacidade produtiva da América Latina, a Fundação Dorina Nowill para Cegos é referência na produção e distribuição de materiais nos formatos acessíveis braille, áudio, impressão em fonte ampliada e digital acessível, incluindo o envio gratuito de livros para milhares de escolas, bibliotecas e organizações de todo o Brasil. 

A instituição também oferece uma gama de serviços em acessibilidade, como cursos, capacitações customizadas, audiodescrição e consultorias especializadas como acessibilidade arquitetônica e web. Com o apoio fundamental de colaboradores, conselheiros, parceiros, patrocinadores e voluntários, a Fundação Dorina Nowill para Cegos é reconhecida e respeitada pela seriedade de um trabalho que atravessa décadas e busca conferir independência, autonomia e dignidade às pessoas com deficiência visual. 

Mais detalhes aqui no site.

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