No último final de semana, finalmente tomei coragem e assisti o filme “Em Nome de Deus”.
Encontrei gratuito, completo e legendado no YouTube. A história é um drama de 1988, baseado em acontecimentos reais do romance medieval do século XII entre Pedro Abelardo e Heloísa.
Minha opinião? Triste e extremamente cruel. Por isso, mencionei logo no início que precisei “tomar coragem” para encará-lo. Contudo, na mesma medida, autêntico e esclarecedor.
Um filme bastante conveniente para ser assistido nesses dias, nos quais estamos passando por tantas transformações decisivas e de impactos potenciais não apenas para a nossa, como também para todas as futuras gerações.
Digo isso em todos os aspectos imagináveis: desde o meio externo (a responsabilidade com o que nos resta da natureza frente às mudanças climáticas, por exemplo) até o meio interno (o questionamento de crenças, paradigmas e comportamentos, antes apenas admitidos como verdades, por exemplo).
O filme faz uma ponte entre a história, política e religião da Idade Média sem tabus ou sutilezas.
Chorei horrores. Afinal, sou uma romântica incurável, a própria manteiga derretida assumida.
Porém, sem sombra de dúvidas, foi o filme de drama com o qual mais aprendi sobre a influência da igreja nesse período e, sobretudo, sobre o quanto ela tinha seus interesses.
Na idade média a educação estava totalmente ligada a igreja. Além de determinar o que era certo ou errado, ela ainda controlava os professores, mantendo-os com votos de castidade assim como um padre.
Esse controle se dava muito a partir das crenças. Isso fica claro, pois, enquanto Heloísa pensava que o sexo acontecia entre pessoas que se amavam, Abelardo o considerava como algo errado e condenado por Deus. Para a sociedade deveria acontecer somente após o casamento.
Por esse motivo, após descobrir envolvimento entre o casal e a gravidez da protagonista, seu tio Fulbert, contrata dois homens para castrar Abelardo, o acusa para a igreja católica e providencia a separação deles para sempre.
Então, Abelardo se refugia na Abadia de Saint Denis, onde torna-se monge e dedica sua vida aos estudos filosóficos. Enquanto Heloísa vai para o mosteiro de Paraclet, onde se torna abadessa do convento.
Daí em diante ambos se dedicam aos trabalhos e estudos para suportarem a saudade e trocam cartas de amor pelo resto de suas vidas.
Zildinha, guia responsável pelos passeios a pé por Paris e pelas visitas guiadas dos museus e de Versailles diz que: “as memórias de Abelardo e Heloísa são uma troca intelectual que transcende o tempo e representam busca da espiritualidade”.
No meu ponto de vista, a mensagem principal a ser admitida é que apesar de compartilharem de opiniões distintas, Heloísa e Abelardo enfrentaram todas as dificuldades, que aliás persistiram até o final da vida deles, sendo fiéis um ao outro, com resiliência, abnegação e persistência admiráveis.
Abelardo morreu em 1142 e Heloísa mandou erguer uma sepultura em sua homenagem. Por sua vez, ela morreu em 1164 e a seu pedido, foi enterrada ao lado de seu único e verdadeiro amor. Em 1817 os restos mortais do casal foram levados ao cemitério Père Lachaise em Paris e estão juntos até hoje. O local tornou-se um dos pontos turísticos mais frequentados do país.
Sem sombra de dúvidas, somente um amor puro e incondicional pode vencer tantas provações, provocações e perseguições, considerando que até mesmo após a morte do casal houve quem procurou desvirtuar os fatos.
Elenir Alves é formada em Publicidade e Marketing. Editora-chefe da Revista Projeto AutoEstima e Assessora de Imprensa da Revista Conexão Literatura. Foi coeditora, juntamente de Ademir Pascale, do extinto fanzine TerrorZine – Minicontos de Terror. Foi coautora de diversos livros, entre eles “Draculea – o Livro Secreto dos Vampiros”, “Metamorfose – A Fúria dos Lobisomens” e “Zumbis – Quem disse que eles estão mortos?”, nas horas vagas adora escrever poemas e frases inspiradoras.
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