Um tempo para eu mesma, para meu coração e, sobretudo, para minha alma, foi essencial para que hoje eu estivesse bem, renovada e completa.
Mais um tempo sonhando e se iludindo demais e talvez, sofresse danos mais intensos e não recuperáveis. Por isso aproveito a oportunidade para agradecer àqueles que me abriram os olhos. Sem eles, eu não seria capaz de enxergar a fantasia na qual estava vivendo, deixando de lado os conselhos de quem me carregou no ventre e me perdendo aos
poucos em vaidade, relações supérfluas, euforia e outras tantas situações efêmeras.
Aos que disseram que eu me encontrava depressiva, estressada, revoltada ou coisas afins, e ainda, aos que cochichavam que eu apenas usava preto, apenas peço que reflitam e entendam que quase nada é tão óbvio quanto aparenta. Porquanto, a cor de roupa que uso ou deixo de usar tampouco representa meu estado emocional. Da mesma forma que
não é porque antes eu optava por cores extravagantes não significa que eu fosse ininterruptamente feliz, também não é porque passei a escolher cores escuras que significa que estou infeliz. Talvez eu apenas queira passar um tempo sem ser notada.
Aliás, há momentos que precisamos buscar o que amamos retomando a fazer o que nos faz sentir vivos, e no meu caso, o que amo é escrever, brincar com as palavras, encontrar outras novas, desvendar e descrever por meio de letras tantas minúcias presentes em uma
existência.
E hoje, mais do que nunca sei que tudo é questão de ir além, tudo embutido num envolvente mistério muito bem escondido nesse mundo onde aparentemente predominam as imperfeições.
Precisei crescer muito para enxergar a alegria que minha mãe sente ao ver que abri mão de ficar no celular para acompanhá-la no trajeto até o dentista, que minha irmã tem orgulho e se inspira em mim para seguir seus primeiros passos e, que mais do que qualquer outro, o meu pai é o melhor de todos, embora, às vezes tenha mais dificuldade do que minha mãe nos momentos de demonstrar, seja me abraçando ou me fazendo cócegas.
Como é grande o alívio em perceber tais sentimentos apesar de estar em um lugar, momento e geração na qual até mesmo pessoas as quais compartilham a cama com a outra, muitas vezes, são capazes de apunhalar pelas costas no dia seguinte das mais diversas formas. E na qual isso já passou a ser considerado normal como mostram as tantas notícias na mídia e que o “idiota” é como é chamado àquele quem opta por respeitar algo ou alguém e não àquele quem desrespeita ou pratica qualquer ato de violência. É contraditório e doentio apelidar de “idiota” quem ainda é corajoso para ter sentimentos em uma sociedade que carece justamente deles para se reerguer e transcender, para se transformar, curar e libertar!!!
Elenir Alves é formada em Publicidade e Marketing. Editora-chefe da Revista Projeto AutoEstima e Assessora de Imprensa da Revista Conexão Literatura. Foi coeditora, juntamente de Ademir Pascale, do extinto fanzine TerrorZine – Minicontos de Terror. Foi coautora de diversos livros, entre eles “Draculea – o Livro Secreto dos Vampiros”, “Metamorfose – A Fúria dos Lobisomens” e “Zumbis – Quem disse que eles estão mortos?”, nas horas vagas adora escrever poemas e frases inspiradoras.
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