Há quem pense que o escritor é feito apenas de inspiração. 
Sim, é verdade que todo escritor é um observador do cotidiano, um analista da realidade que o cerca. 
Mas não é apenas isso. Um escritor é feito de intensa dedicação, de horas debruçado sobre o teclado, de mãos calejadas pelo manuseio da caneta. Ele é um misto de disciplina, criatividade e conhecimento. Neste caso afirmo que mais vale a dedicação do que o dom propriamente dito. Escrever é a prova exata de que dom sem trabalho não dá fruto.
Costumo dizer que o escritor absorve intensamente a vida, se deixa encharcar por ela, se derrama e transborda através das palavras. 
Cada frase escrita é um pedaço da alma exposta no papel. 
Desde as coisas mais simples até as extraordinárias, nada passa despercebido aos olhos de um bom escritor. Um escritor é feito de momentos.
Ouso afirmar que o escritor é um artista e as palavras, sua arte.
Palavras em mãos habilidosas, têm o poder de fazer com que a realidade adquira um contorno mágico. O cinza da vida é retratado com nuances coloridas, possibilitando um novo olhar e novas expectativas. Desta forma, aquilo que se escreve, não são apenas palavras, mas, por vezes, são fontes abundantes de renovo e de esperança. Através do que lê, o leitor passa a ver a vida com mais cor.
Para um escritor não há dias iguais.
Há aqueles em que as mãos mal conseguem acompanhar a velocidade dos pensamentos, e tal qual um tecelão, ele vai costurando as palavras, arrematando os pensamentos para então tecer um belo texto. 
Mas há outros dias em que o lampejo criativo tira folga, as palavras ficam travadas e a transpiração que denuncia a agonia, toma o lugar da inspiração. A caneta permanece inerte, o papel em branco, sem que nem mesmo uma única escrita seja alinhavada. 
Autores também são feitos de bloqueios, ainda que momentâneos e passageiros. Em dias assim, nada como a certeza do dia seguinte e da vida que segue, sendo ela mesma, o maior estímulo e um convite irrecusável a recomeçar…dia após dia, todos os dias…
Não há bloqueio criativo que resista à vida.
Para quem vive das palavras, tão prazeroso quanto escrever é saber que sua escrita foi fonte de prazer, informação, transformação e emoção. Se através das suas palavras, uma única pessoa tiver sido tocada ou tiver a existência transformada, tudo terá valido a pena.
Para o escritor, viver é sentir. Não há sentido numa vida sem sentimentos. E registrar os sentimentos em palavras é eternizar a própria vida. Um escritor é feito de emoções.
O escritor perpetua-se nas suas palavras e assim, torna-se imortal.
Enquanto houver um único leitor que por suas palavras se deixe tocar, ali ele viverá.
Um escritor é feito também da infindável esperança de ser eterno.

… … …

Biografia: Flávia Prata é profissional da saúde, mas também é apaixonada pelas palavras e pelo ser humano. Mãe, esposa, Cirurgiã Dentista, que encontrou na escrita uma forma de expressar suas ideias, pensamentos e sentimentos e de compreender melhor o mundo que a cerca.

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